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Por muito tempo, em uma sociedade que foi formada em torno do sentido da visão e da perspectiva - a sociedade moderna - não se teve clareza da importância da imagem para a compreensão e o conhecimento do mundo em que vivíamos, em especial, porque isso exigiria, junto à crítica da mesma, a indicação da possibilidade de superação da própria lógica dominante, que tinha aquele sentido e aquele parâmetro como definidor da realidade e da veracidade. Essa posição começa, hoje, a ser invertida, e estamos colocando sob suspeita o que poderíamos chamar "império da imagem".
É preciso reconhecer, no entanto, que este movimento se dá sob esse mesmo "império" crescente, ainda, quanto ao espaçotempo que ocupa em nossas vidas. Com isso, é quase impossível falar de algo sem usar imagens – sejam literárias, sejam visuais, sejam sonoras que funcionam como metáforas da realidade. Mais do que isso, a própria crítica só pode existir na medida em que dominemos, pelo uso e pelas teorias, todo esse vasto campo.
Já há algum tempo, os projetos de pesquisa envolvidos por grupos do ProPEd (www.proped.pro.br) vem usando a imagem, (desenhos/charges, obras de arte – quadros e esculturas -, fotografias, imagens de propaganda, vídeos e filmes) tanto da escola como de outros espaçostempos de educação. Nestes projetos, podemos identificar múltiplos usos que vem sendo feitos dessas imagens:
1) como recurso para organizar o pensamento ou estimular a memória dos sujeitos de pesquisa;
2) como registro de situações de pesquisa;
3) como fonte de pesquisa.
4) como personagem conceitual (Deleuze) relacionado às narrativas também entendidas do mesmo modo.
Os sons começaram a ser introduzidos nessas pesquisas como necessidade, inicialmente reconhecendo o valor educativo de músicas pelas camadas negras da população, em sua história no Estado do Rio de Janeiro, com o samba e o jongo.
Dessa maneira, os grupos de pesquisa envolvidos no Laboratório têm caminhado no sentido de trabalhar com o uso de imagens e de sons pelos praticantes dos múltiplos contextos cotidianos. Entendendo o acesso à realização de imagens e o domínio das tecnologias que envolvem a sua fabricação como um direito dos praticantes das escolas e de todas as redes educativas em que vivemos, nesses grupos se tem buscado trabalhar com experiências/artes de fazer fotografias, histórias em quadrinho, vídeos, softwares, homepages, exposições etc, partindo da compreensão do significado cultural desses recursos.
A participação nessas práticas tem sido compreendida como processo indispensável à formação dos 'corpus' das pesquisas desenvolvidas, tanto quanto, em processos de extensão, à formação de professores/professoras e na compreensão das identidades, sempre em movimento, dos praticantes dos múltiplos cotidianos. A marca da autoria visível, nesses processos, tem permitido caminhos de análises diversificados, bem como uma acumulação significativa de novas possibilidades teórico-epistemológicas e teórico-metodológicas, em especial nos estudos nos/dos/com os cotidianos e nos estudos de história cultural dos artefatos tecnológicos. |
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